Alberto “Pescador”, filho de Manuel de Oliveira Pinto e de Rosa de Oliveira Ascensão, nasceu no Lamarão, na Rua Dr. Cunha, a 26 de outubro de 1941. Morou 11 anos na Rua da Associação Desportiva Ovarense e, atualmente, vive na Avenida da Régua, com a sua mulher Adelaide, com quem teve seis filhos (três estão vivos). Aos 80 anos de idade, “o homem do búzio”, como também é conhecido pelos vareiros, continua a consertar as redes na praia norte do Furadouro, na companha “Jovem”.
Entrevista: Fernando Pinto Há quanto tempo trabalha na Arte Xávega, arte de pesca que ainda se pode apreciar no litoral, desde Espinho à Praia da Vieira e, também, na Costa da Caparica? Comecei a trabalhar na Arte Xávega em 1948, aos sete anos de idade. Morava no Lamarão e o meu pai, de manhã cedo, levantava-me pelas orelhas do soalho, da esteira onde eu dormia, para irmos os dois trabalhar para o mar. Ainda vinha a dormir pelo caminho... Eu sei lá se vinha acordado ou se vinha a dormir! Tinha ocasiões em que caía. Se calhar, era mesmo do sono. Hoje, aos 80 anos de idade, quase a fazer 81, farto-me de trabalhar. Muitas vezes, de graça! Não sei o que é descansar, mas trabalho no mar sempre com alegria e muita satisfação. Sinto muito orgulho em ser pescador! Os meus pais, Manuel de Oliveira Pinto e Rosa de Oliveira Ascensão (e não Assunção, como por engano colocaram no meu cartão de cidadão), trabalharam sempre na Arte Xávega, também chamada de “arte cega”. Que tarefa lhe deram para fazer quando ainda era menino? Andava aos chicotes, na companha do Valente, no barco Nossa Senhora do Socorro. Os chicotes, para quem não sabe, eram cordas. Quando rebentava uma dessas cordas, ao serem puxadas pelos bois, eu trazia duas pontas e dava um chicote novo ao lavrador. Ganhava meio tostão por cento do pescado! A partir daí, comecei a andar ao porfio, a porfiar o saco de onde saía o peixe. Eles abriam o porfio e eu tinha de o coser. Na altura, achava impossível fazer uma malha. Mas, fui abrindo os olhos, agarrei numa agulha, tentava fazer bem, e comecei a consertar alguns buracos, até que o mestre das redes entendeu que eu dava para aquilo, e continuei. Aprendi com o redeiro Raul Martelo, do Furadouro. Leia a entrevista completa na nossa edição impressaCategorias Terra-a-Terra