00h01, terça-feira, dia 9 de fevereiro. Equipados com tecnologias de ponta, tablets com realidade aumentada que permitem ver condutas, ramais e válvulas enterradas enquanto se deslocam, munidos de equipamentos acústicos que permitem escutar o que se passa debaixo de terra, a equipa de Gestão de Perdas e Afluências Indevidas da AdRA prepara-se para mais uma noite a percorrer as ruas da cidade que dorme para encontrar fugas de água escondidas debaixo de asfalto, cimento e terra. Maior entidade do país em extensão de rede A AdRA assegura “não é uma empresa qualquer”. É, diz a AdRA, “só a maior entidade gestora em Portugal em quilómetros de rede. São quase 7000km. Dá para atravessar a Europa duas vezes. Só em rede de abastecimento são 4000km”. Em 2013, três anos depois de ter herdado os sistemas de abastecimento e de saneamento dos dez municípios que são, em conjunto com o Grupo Águas de Portugal, em representação do Estado Português, os acionistas da AdRA, “o trabalho meticuloso de mapear toda a rede, todos os ramais que ligam mais de 155 mil locais de abastecimento espalhados por uma área superior a 1500 km2, estava feito”, lembra a AdRA. Os factos eram claros, “a rede de abastecimento tinha perdas superiores a 40%. Água não faturada”. Entre 2013 e 2018, “com muito trabalho de análise de dados de consumo, depois de muitas horas noturnas a palmar território, as perdas tinham-se reduzido para cerca de 30%”, salienta a AdRA. Projeto de eficiência hídrica - reduzir perdas para metade até 2023 A partir deste nível, diz a AdRA, “era necessário algo mais para melhorar a eficiência do processo e os resultados”. A necessidade levou à formulação de um novo projeto, com melhores meios e objetivos mais ambiciosos. Chamaram-lhe Projeto de Eficiência Hídrica e foi o primeiro do género em Portugal. Ainda em 2018, esta equipa especializada começou por fazer a modelação matemática da rede. Ou seja, “estabelecer um modelo que permite simular virtualmente como a rede se comporta considerando fatores como a extensão, pressão, hábitos de consumo em horários ou dias específicos (como fins-de-semana e feriados e estações do ano), ou o tipo de consumidores em determinada zona (grandes empresas, hospitais, habitacional, etc.)”, esclarece a AdRA. Concluída esta fase, a AdRA procedeu-se “ao seccionamento da rede em zonas e à colocação de medidores de caudal e de pressão que permitem detetar em tempo real, segundo a segundo, anomalias na rede”. A análise destes daos é feita por uma equipa de especialistas, que definem zonas de atuação. Daqui passa-se para o campo, “onde a equipa da rua vai ter de percorrer o terreno a fim de detetar o ponto específico onde a rede está a perder água”, revela a AdRA. É um trabalho contínuo e circular: Detetada a rotura, a AdRA procede à reparação, enquanto as equipa de eficiência hídrica continua a analisar a extensa rede, 24 horas, todos os dias. Em 2020 objetivos atingidos - perdas de cerca de 20 % Os resultados deste projeto “tiveram reflexos extremamente positivos e em 2020, três anos antes do previsto, os objetivos estão praticamente cumpridos”, revela a AdRA. Este inovador sistema permitiu também prever a degradação de zonas de rede, sendo uma ferramenta essencial para apoiar decisões de gestão, como a renovação preventiva de redes, renovação esta que em muito contribuiu para os resultados alcançados. AdRA é das melhores entidades gestoras do seu campeonato Pela caraterização geográfica e demográfica a AdRA é classificada pela ERSAR como uma entidade medianamente urbana. Nesta categoria a entidade da região de Aveiro é a 7ª melhor entidade gestora do centro e sul do país no que concerne aos melhores desempenhos de perdas. “Mesmo que se incluísse entidades predominantemente urbanas (onde se encontram entidades como a EPAL, SIMAS Oeiras Amadora, entre outras) a empresa de Aveiro manteria o 7º lugar”, destaca a AdRA. A nível nacional a média das perdas é 125 litros por ramal (por edifício, simplificando). A AdRA atingiu metade dessa média em 2019, 61 litros. Em 2020, diz a empresa aveirense, “este valor estará já abaixo dos 60 litros”. O objetivo da AdRA “é ser a entidade gestora referência a nível nacional quanto à excelência dos seus sistemas de abastecimento e de saneamento”, diz a instituição.
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